Em 6 de fevereiro de 2023 - às 8:41
Há 100 anos, os gráficos unificados, organizados e mobilizados em greve demonstraram ser possível vencer qualquer árbitro político e patronal. Desde 7 de fevereiro de 1923, não só garantiram o direito a ter sindicato, como também direitos específicos e avançados e exclusivos à categoria, o que veio a se tornar a Lei dos Gráficos (CCT) - defendida até hoje pelos sucessores. Em Pernambuco, 92 anos depois, em 2015, o Sindgraf-PE não só garantiu todos os direitos já existentes, como se reinventou dada à conjuntura política nacional adversa ao criar um movimento grevista chamado de "As Cruzadas", se antecipando ao que foi o golpe na Democracia, no ano seguinte, para destruir direitos trabalhistas no país.

Tal movimento, inspirado no legado do 7 de Fevereiro, ao invés de reduzir tais direitos, os ampliou e protegeu todos os pré-existentes dos ataques das leis dos governos dos golpistas (Temer e Bolsonaro) de 2016 a 2022.
E isso só foi possível porque, ainda em 2015, durante campanha salarial normal em Pernambuco, mas diante de um adverso cenário político no Brasil, onde depois culminou no golpe à democracia e com a retirada de mais de 100 direitos da CLT, o Sindgraf-PE apostou nas cruzadas de paralisações em dezenas de gráficas, o que, posteriormente, em 2017, contribuiu diretamente na adição e consolidação das cláusulas de barreiras da CCT, evitando os impactos da reforma trabalhista na mesma, mantendo o legado dos direitos oriundos do 7 de Fevereiro.
“Mesmo com a crise econômica e política no Brasil em 2015, não deixamos de lado a organização e luta sindical dos gráficos em PE por perceber que, em breve, a miséria poderia recair sobre o trabalhador, como aconteceu com uma grande maioria ao perder direitos coletivos da CLT e da sua CCT nos estados. A política sempre mostra o tempo de negociar e o tempo de lutar, mas, de todo modo, mostra que o combate é necessário, senão, sem organização e luta, tudo estaria e será perdido,”, diz Iraquitan da Silva, presidente do Sindgraf-PE e o líder das “Cruzadas”.
Agora, em 2023, apesar da vitória de Lula para presidente do Brasil, mas através de um governo de colisão com parte das forças que deram o golpe na presidente Dilma (em 2016), a classe trabalhadora deve se inspirar, outra vez, no movimento do 7 de Fevereiro, e fazer o combate.
“Neste Governo Lula, 2023, não dá pra gente se acomodar, mas juntos e organizados precisamos dizer a linha na qual queremos. É preciso disputar e garantir nossos direitos. Em 1963, por exemplo, depois de anos lutando, os gráficos disputaram um Decreto sobre o direito à aposentadoria junto ao governo de reconciliação nacional da época e garantiram a modalidade especial (pela insalubridade da área). Seja sócio. Seja forte. Sindicalize-se!