Gráficos de PE param gráfica e jornal mais antigos do Brasil e da América, como no 7 de fevereiro há 100 anos
Ao invés de se acomodar porque o Brasil vivia quase no pleno emprego e se criticava quem falasse em luta de classe naquele ano de 2011, o Sindgraf-PE, inspirado no movimento paredista gráfico operário iniciado no 7 de fevereiro de 1923, promoveu e liderou greves históricas na Gráfica IGB (mais antiga em funcionamento no país) e no DiárioPE (jornal mais antigo em circulação da América Latina), como também no Jornal do Commercio. Tal movimento no setor de Comunicação ficou conhecido pela "Revolução dos Sujinhos" - nome direcionado aos gráficos por viverem sujos de tinta/graxa, mas, como operários, eram organizados sindicalmente e prontos para a luta.
À época, essas greves garantiram um dos maiores reajustes salariais, com efeito positivo até aos jornalistas. E oportunizou sobretudo a dignidade do gráfico de volta, como verificado há 100 anos no 7/02 através da luta.
Na IGB, por sinal, foi a primeira vez na longa história da gráfica que teve greve, ocasião que resultou até na conquista da cesta básica mensal, direito que a maioria da categoria em PE ainda luta para garanti-la em sua Convenção Coletiva de Trabalho (Lei dos Gráficos). O movimento grevista exigiu e garantiu respeito ao gráfico, coisa que estava bem distante pelos patrões naquele momento, mesmo com a economia avançada no Brasil.
Os gráficos dos jornais, inclusive os da FolhaPE, hoje único jornal a rodar na sua gráfica, acumulavam histórias de desrespeito aos direitos, salários e condições laborais – situação que logo mudou depois de dias de greve em um setor (Comunicação) onde ninguém imaginaria a possibilidade deste feito em pleno ano de 2011. A surpresa foi geral, sobretudo nos jornais e até dentro do movimento sindical. A luta de classe voltou a ser praticada e demonstrada que nunca acabará enquanto houver exploração do capital sobre o trabalhador, com a economia desenvolvida ou destruída.
Hoje, no entanto, há quase 100 anos do 7 de Fevereiro (Dia do Gráfico), os desafios são superiores aos de 1923 e de 2011. O setor enfrenta também o grande impacto tecnológico sobre os postos de trabalho, modificando a característica desta mão de obra e destruindo até o pertencimento do trabalhador enquanto gráfico. Por este e outros motivos, a IGB e os jornais impressos estão em crise hoje. Mas, ao invés de se acomodar, o Sindgraf-PE reafirma o exemplo organizativo dado pela categoria há 100 anos e em 2011 como formas de encontrar uma nova superação dos desafios.
A tecnologia, na verdade, não tem destruído todo o setor gráfico, mas o transformado em novos segmentos (embalagens, gráfica rápida digital e etc.). Todavia, tem reduzido bastante o número de trabalhadores. “Assim sendo, cabe a nós sindicatos liderar a organização da categoria existente, sobretudo aqueles na área digital e de embalagem, sem abandonar os ramos tradicionais que resistem”, diz Iraquitan da Silva, presidente do Sindgraf-PE, líder da greve em 2011.
Precisa, também, na avaliação de Iraquitan, buscar uma nova organização sindical do ramo da Comunicação, unificando os gráficos, jornalismo, radialistas, publicitários, papeleiros, teles, correios e o que for possível e necessário. Somente assim, poderá haver a manutenção da categoria e seu pertencimento enquanto gráfico através da sua organização sindical onde defenda a sua valorização por meio de melhores direitos, salários e condições de trabalho dignas. Seja sócio. Seja forte. Sindicalize-se!