Sindgraf-PE internacionaliza direito à organização sindical dos gráficos ao repetir ação dos heróis do 7 de Fevereiro/1923
Completou, ontem, 16 anos da greve na Quebecor em Pernambuco, com efeito positivo para todos os gráficos nas 165 unidades pelo mundo. Este feito pioneiro dos trabalhadores nesta empresa seguiu igual princípio e êxito da inédita greve da categoria realizada há 100 anos, iniciada em 7 de fevereiro de 1923, pelo direito à organização sindical para poder lutar por outros direitos. Desde então, o 07/02 se tornou o Dia do Gráfico no Brasil, sendo ainda feriado para toda a classe em Pernambuco, pela força da luta anual na campanha salarial.
Na próxima terça-feira (07), o gráfico que estiver vivo, esteja na ativa ou já aposentado, terá a oportunidade de celebrar os 100 anos da primeira greve da categoria no Brasil em busca do direito a ter seu sindicato e tendo o reconhecimento dos patrões para assim poder representar todos trabalhadores em defesa de direitos, salários e condições de trabalho. Em 7 de fevereiro de 1923, os gráficos de várias empresas, liderados por João da Costa Pimenta, iniciaram a greve até obterem tais garantias.
83 anos após esse feito inédito, no ano de 2006, seguindo igual objetivo e êxito, o Sindgraf-PE, presidido por Iraquitan da Silva, repetiu o feito na Quebecor – maior gráfica do mundo, com 165 unidades. A forte greve na empresa em PE repercutiu em todo mundo, fazendo com que a gráfica passasse a reconhecer o Sindgraf e o direito à organização sindical dos gráficos no local, levando 168 dos 250 deles a se sindicalizaram.
O impacto desta grande greve dos gráficos na fábrica da Quebecor em Pernambuco, sendo a primeira com tamanha unidade, organização e luta sindical dos trabalhadores na história desta gráfica gigantesca mundial, fez com que a companhia revisasse a sua postura em relação aos direitos trabalhistas em todas as 165 unidades pelo mundo na época.
Iraquitan, com apoio da Conatig e da UNI Sindicato Global, denunciou as violações aos acionistas da CIA no Canadá – país onde fica a matriz. Em função disto, posteriormente, foi feito um acordo global da Quebecor com a UNI, na Espanha, com efeito para as 165 unidades da companhia. Passaram a reconhecer os direitos sindicais e trabalhistas da categoria.
“Antes, porém, sem luta, a Quebecor não permitia ninguém se sindicalizar em nenhuma das suas empresas. Por isso não reconhecia o Sindgraf-PE, mesmo com tais direitos já validados pela OIT, sendo que teve que mudar de perfil autoritário diante da força da greve dos gráficos por 8h”, lembra Iraquitan. Ele acrescenta e diz que nada disso seria possível na época, se, em 07/02/1923, João Pimenta da Costa e outros gráficos não tivessem realizado a greve de 42 dias, mesmo sendo muitos presos, espancados e até expulsos do país.
Em Pernambuco, os efeitos positivos da organização sindical da categoria foram além dos contidos no acordo global na Quebecor. O Sindgraf logo passou a fazer acordos ainda mais vantajosos do que os da Convenção Coletiva de Trabalho (Lei do Gráfico em PE, com 60 direitos específicos).
Os trabalhadores passaram a ter os pisos salariais e reajustes superiores aos da Convenção, além do direito à alimentação – direito hoje ainda pendente na Lei do Gráfico e em muitas gráficas, apesar das lutas em campanhas salariais anuais, como no último ano. Porém, a exemplo da unidade da categoria na Quebecor, o tamanho da conquista será sempre a do tamanho da unidade, organização e da luta. Só assim manteremos vivo nosso legado do 7 de Fevereiro e das demais lutas históricas dos gráficos por direitos por mais 100 anos. Seja sócio. Sindicalize. Viva os Gráficos!